Casal homossexual oficializa primeiro casamento gay de Lagoa da Prata

Casal homossexual oficializa primeiro casamento gay de Lagoa da Prata

Depois da aprovação pelo STF de lei, que regulamenta a união estável homossexual, Lagoa da Prata, como sempre dá um passo à frente. Neste dia 01 de julho, o casal Jorge da Cruz Júnior, 21 anos e Brendon Alves, 18, irá se casar sob as bênçãos da família, dos padrinhos e amparados pela lei. O assunto gera alguma divisão de opiniões e, em entrevista franca, a FOLHA recebeu os noivos que falaram sobre preconceito, sobre aceitação e sobre dignidade.
Acompanhem:


FOLHA- Há quanto tempo vocês estão juntos?
JORGE- Há 06 meses.


FOLHA- Não é pouco tempo para já estarem assumindo um compromisso tão sério?
BRENDON- Não. Desde que começamos a namorar, soubemos que era amor verdadeiro. Assim, não temos porque esperar.
JORGE- É verdade, ainda mais agora com a legalização, não tem porque prorrogar nossa união oficial.


FOLHA- Qual a opinião de seus pais sobre esta decisão, uma vez que vocês dois são muito jovens?
JORGE- Eu não tenho convivência com meu pai que mora fora. Desta forma, eu não senti necessidade de passar esta informação a ele. Minha mãe aprova e incentiva. Sabe de minha sexualidade desde meus 17 anos, quando tivemos uma conversa. Ela nunca me recriminou e sempre me apoiou em todas as minhas decisões. Ela é, além de mãe, uma grande amiga.
BRENDON- Meu pai sabe que vou me casar, todavia, disse que não concorda. Minha mãe concorda, apoia e irá comparecer, assim como a mãe do Jorge. Toda a minha família sabe e acredito que a maioria irá comparecer à oficialização de nossa união estável.


FOLHA- Vocês terão padrinhos?
JORGE- Sim. Teremos 8 padrinhos. São todos nossos amigos e fizemos questão de tê-los presentes neste momento.


FOLHA- Qual o procedimento e onde acontecerá a união?
JORGE- A documentação já foi toda devidamente providenciada. Será no cartório de 1º Ofício.


FOLHA- Após a cerimônia terá festa¿
JORGE- Sim, iremos nos reunir com nossos convidados para uma recepção à noite.


FOLHA- Vocês já moram juntos?
BRENDON- Sim, há dois meses já moramos juntos, na casa de minha sogra.


FOLHA- Vocês trabalham? São independentes financeiramente?
JORGE- Eu estou cursando magistério e tenho renda de imóvel alugado. Cursei 5 anos no seminário. Fui para lá com 13 anos. Depois desisti e estou buscando esta nova profissão, ou seja, ser professor.
BRENDON- Sim, eu trabalho como padeiro. Terminei o Ensino Médio e quando for possível, pretendo cursar uma faculdade mas ainda não sei qual é minha principal vocação, talvez fotografia.


FOLHA- Depois que vocês tomaram a decisão de se casar, alguém se manifestou contra, de forma preconceituosa?
BRENDON- Não , ninguém! O fato de meu pai não apoiar, não significa que ele esteja me discriminando. É uma opinião dele e eu respeito. Até entendo que deve ser difícil e espero que um dia , ele compreenda minha situação.
JORGE- Ninguém também. Até mesmo, porque se isso acontecer, não pensarei duas vezes em denunciar à justiça, afinal, perante a lei, homofobia é um crime como um outro qualquer.


FOLHA- Quando vocês se descobriram ou começaram a ter uma vida sexual homossexual?
BRENDON- Acredito que sempre. Mesmo que eu tenha iniciado minha vida sexual somente há 01 ano, eu sempre soube de minha condição gay.
JORGE- Mesmo quando eu fui para o seminário, eu sabia que era gay, mas nunca havia tido experiência sexual. Sempre fui muito envolvido com religião e ainda sou,claro, não concordando com tudo. No seminário eu descobri que havia algo errado. Que eu não deveria ser padre uma vez que o desejo sexual era muito forte em mim. Preferi sair e viver minha vida abertamente. Pena,que muitos dos estudantes, que são iguais a mim, não têm essa coragem e seguem em frente!


STF torna união estavel homoafetiva reconhecida pela justiça


O julgamento do Supremo Tribunal Federal decidiu dia 06 de maios que a união estável gay está juridicamente reconhecida no Brasil. Com expressiva maioria de votos, os ministros do STF reconheceram a união estável homoafetiva e seus efeitos jurídicos.
A decisão cria um precedente nacional: gays podem manter uma união estável registrada no Brasil, sendo assim reconhecida pela justiça. Isso garante direitos comuns a casais heterossexuais como pensão, herança, regulamentação da comunhão de bens e previdência. A decisão também deve facilitar a adoção de crianças por duas pessoas do mesmo sexo, reconhecendo então como família gays que possuem filhos adotivos.
A partir da decisão o casal homossexual pode pedir o reconhecimento da união civil em cartório, ou juridicamente comprovar a união estável afim de usufruir dos direitos comuns a casais heterossexuais. A decisão também deve facilitar a aprovação da PLC 122, criada para ser uma lei anti-homofobia. A causa foi várias vezes citada nos discursos dos votos.


Protestos
Apesar de não haver passeatas ou protestos mais relevantes, a decisão aconteceu sob forte crítica da CNBB (Convenção Nacional dos Bispos do Brasil, entidade Católia) que apresentou defesa no julgamento. O Pastor Silas Malafaia também fez campanha para que fiéis enviassem emails para os ministros pedindo que eles votassem contra a união estável .

Fonte informação: www.folhadelagoa.com.br